Ken Follett sempre foi um autor que me passou muito ao lado, até ser fortemente recomendado pela Maria Inês (@bookwanderlust). A forma apaixonante com que fala deste autor, nomeadamente desta trilogia, despertou-me imensa curiosidade, principalmente porque também adoro História. Este foi então o rastilho que me levou a ir atrás deste livro, que me acompanhou ao longo dos dois primeiros meses do ano.
"A Queda dos Gigantes" é o primeiro de três livros de ficção histórica que têm como pano de fundo o século XX. Nele começamos em 1914 e seguimos até 1924 ao longo de pouco mais de 900 páginas, passando assim pela 1ª Guerra Mundial e pela Revolução Russa. É um belo calhamaço, que nos leva algum tempo a degustar e por isso nos permite ir acompanhando de perto os vários personagens.
Dois aspetos que podem intimidar algumas pessoas são a quantidade de páginas e de personagens. No entanto, a escrita de um autor é de uma mestria que nos mantém sempre interessados, a querer saber o que vai acontecer a seguir. É claro que há questões históricas que nós já sabemos como se irão desenvolver, mas estas são-nos apresentadas através dos olhos das personagens, a quem nos ligamos e com quem nos preocupamos. Olhando para a lista que nos é mostrada no início do livro, são muitas, é verdade. Contudo, nunca me senti perdida no acompanhamento de cada linha narrativa. Temos cinco famílias: uma da classe trabalhadora do País de Gales, uma família aristocrática de Inglaterra, uma família com ligações ao Governo norte-americano, uma família aristocrática alemã e uma família da classe trabalhadora russa.
Sendo as personagens de diferentes estratos sociais e diferentes países, vamos acompanhando os acontecimentos históricos deste início de século nos vários pontos intervenientes. Isto é feito de uma forma muito fluída, natural e muito bem escrita. Para quem se interessa por História, nomeadamente a do século XX, tem neste livro um mimo. Dado o rigor histórico e o cuidado com que estes dados são tratados pelo autor, é-nos possível aprender e relembrar imensas coisas, sem que alguma vez se torne aborrecido. O facto de olharmos para estes momentos, guiados pelas personagens (umas reais, outras fictícias), acaba por, na minha opinião, torná-los mais palpáveis e reais. Deixam de ser só coisas que aprendemos nas aulas de História e passam a ter outra vida.
Os temas presentes vão desde as dificuldades da classe trabalhadora do início do século XX, aos movimentos em defesa do direito ao voto das mulheres, à crescente tensão que colide na primeira grande guerra, à vida nas trincheiras e consequências da guerra, aos movimentos políticos, a espionagem e a ascensão do socialismo. Damos por nós também envolvidos em dramas familiares e relacionais, que trazem as emoções e um lado humano à narrativa histórica.
A certa altura já não conseguia largar esta história e agora, uns dias depois de ter terminado e de me ter afastado dela, já sinto saudades de algumas personagens. Irei certamente continuar para o segundo livro, "O Inverno do Mundo", que incide principalmente na 2ª Guerra Mundial. Recomendo muito a quem gostar de livros de ficção histórica.
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