domingo, 27 de dezembro de 2020

Cisnes Selvagens: Três Filhas da China, Jung Chang


Demorou, mas foi lido. Há várias coisas que retiro das minhas leituras e uma delas liga-se à minha vontade de continuar a aprender e a ir além do que já conheço. Por isso também é que há uns tempos procurei perceber a origem dos autores que andava a ler, de maneira a tomar decisões conscientes de ler livros que me alarguem horizontes e me permitam conhecer realidades mais distantes da minha. "Cisnes Selvagens: Três Filhas da China", da Jung Chang cumpria esses requisitos.

Este é um livro de não-ficção - coisa que geralmente me intimida um bocadinho -, mas que está escrito de uma maneira muito literária e fácil de acompanhar. Apesar disto, foi para mim uma leitura bastante lenta e tive até a necessidade de fazer uma pausa e intercalar com outros livros. Creio que se deva ao facto de ser um livro longo, com uma história longa e com alguns episódios que nem sempre me interessaram muito. Contudo, foi das melhores leituras do ano e, certamente, o livro com que mais aprendi.

Aqui acompanhamos a história de três gerações de mulheres na China, em que a mais nova é a autora do livro. Começa por nos falar da história de vida da avó, numa altura em que a China vive num sistema imperialista, com valores extremamente conservadores e tradicionalistas, onde a mulher não tem quaisquer direitos, existindo apenas como um objeto para servir o homem. Embora já sabendo de alguns aspetos, a leitura acerca dos costumes e valores desta altura impressionou-me bastante.

Vamos seguindo para a narrativa da vida da mãe da autora, em simultâneo com a ascensão do comunismo e posterior desilusão. Eventualmente chegamos à Revolução Cultural, em que eu tomei realmente consciência de provavelmente a maior razão para atualmente eu não conhecer autores clássicos chineses - já que tanto se perdeu.

A parte mais interessante deste livro foi precisamente a forma como aprendemos acerca da História de um país, em simultâneo com a narrativa de vida de três gerações de mulheres. A minha edição é usada e na primeira folha diz, "Para o Daniel abrir os olhos. Natal '99". Creio que o Daniel terá aberto os olhos e eu também. Aprendi imenso com este livro e recomendo-o muito a quem quiser conhecer melhor este país - para mim tão distante até aqui.