domingo, 26 de abril de 2020

The Book Thief, Markus Zusak

Há anos que tinha a intenção de ler este livro, mas outros foram passando à frente. Finalmente cheguei a ele também e, embora não se tenha tornado num favorito da vida, gostei muito e vou-vos dizer porquê.

"The Book Thief" (ou em português "A Rapariga Que Roubava Livros"), do autor neozelandês Markus Zusak, é mais um livro cuja narrativa se passa na época da 2ª Guerra Mundial. Estão constantemente a ser publicados novos livros com esta temática, mas este acredito que a trata de forma um pouco mais original.

Fazendo uma breve sinopse da história, neste livro temos a Liesel Meminger como protagonista. A Liesel tem nove anos no início do livro e é-nos dada a conhecer aquando de uma viagem que faz com a mãe e o irmão, para serem ambos entregues a uma família adotiva, visto que o pai havia desaparecido (mais tarde ela sabe que o pai era comunista, embora não entenda o que isso significa) e a mãe deixou de ter condições para cuidar deles.

Nesta viagem, o irmão acaba por morrer e a Liesel vê-se frente à morte pela primeira vez. Após o enterro, no qual a Liesel rouba o seu primeiro livro, esta segue para casa da sua nova família, os Hubbermans, onde já existe um filho. A partir daqui, vamos acompanhando o seu crescimento, a frequência da Juventude Hitleriana, as brincadeiras na rua com os amigos, as dificuldades financeiras, a fome e pobreza, juntamente com o aproximar da guerra, a perseguição aos judeus e o medo dos bombardeamentos.

A certa altura, esta família decide abrigar um judeu na cave e a partir daí a Liesel vai vivendo uma vida paralela, ganhando cada vez mais consciência do mundo em que vive. É nesta cave que ela vai passando muito tempo, especialmente a ler. Os livros vão ganhando uma proporção cada vez maior na sua vida, inclusive em algumas das relações que vai desenvolvendo. Vai-se apercebendo do poder das palavras, para o bem e para o mal, chegando até a querer desfazer-se delas.

Embora diga que este livro não virou o meu mundo do avesso, acredito que talvez o tivesse feito se o tivesse lido há uns dez anos talvez. Gostei muito de várias coisas, nomeadamente do facto da história nos ser narrada pela morte, que vai visitando a Liesel algumas vezes. Esta é uma perspetiva muito original e dá uma cor diferente à forma como lemos o livro. Outro aspeto importante para mim foi o ter acompanhado estas personagens ao longo de anos da sua vida e ver o seu desenvolvimento durante esse tempo. Vemos que eles não começam a história da mesma maneira que acabam. Nem nós.

O próprio livro foi escrito de uma forma muito interessante, incluindo informações que o narrador considera relevantes para entendermos a história, como resumos de episódios ou características de certas personagens e informações que os personagens ainda não sabem.

É um livro que, além de nos fazer pensar acerca do mal que o ser humano consegue fazer a outro ser humano, leva-nos também a refletir sobre o impacto das palavras - seja para nos ajudar a distrair do mundo lá fora, seja para conhecermos o mundo e fazermos ouvir a nossa voz. É um história que lida também com a importância de nos colocarmos no lugar do outro, demonstrando-nos o impacto que o afeto pode ter na vida de alguém.

sábado, 11 de abril de 2020

The Hound of Baskervilles, Arthur Conan Doyle

Em Fevereiro do ano passado fui a Edimburgo e trouxe comigo dois livros de autores escoceses. Um deles foi "The Hound of Baskervilles", do Sir Arthur Conan Doyle, pai da clássica personagem Sherlock Holmes

Este é o quinto livro desta longa saga de aventuras cheias de mistério e um dos mais recomendados. Contudo, confesso que iniciei a leitura com medo de não gostar assim tanto. Esperava ter uma experiência semelhante à que tive com "O Médico e o Monstro", do também escocês Robert Louis Stevenson, por ambos conterem histórias cujo foco está no mistério e na surpresa em relação aos desfecho da história.

Gostei desse outro livro, como comentei por aqui, mas a certa altura já suspeitava o que se estaria a passar, então acabou por não me surpreender assim tanto. Como são livros antigos, cujo enredo já serviu tantas vezes de inspiração para outros autores que vieram depois, por vezes quando pegamos nestes livros já se torna difícil sermos surpreendidos. Nesse sentido, temia que o mesmo me acontecesse com este primeiro contacto com Sherlock Holmes, mas queria matar a curiosidade.

Livros policiais, de crime e mistério geralmente não são os que mais procuro, mas este superou bem as minhas expectativas. Esses medos que tinha, caíram todos por terra ao longo da leitura. Este é um livro em que o Dr. Watson, ajudante de Sherlock Holmes, tem mais "tempo de antena", pois é ele que vai diretamente de Londres para o local onde tudo acontece, de modo a tentar desvendar o mistério. Contudo, é um livro em que apesar do foco estar na ação, conhecemos bem a personalidade tanto do Sherlock Holmes como do Dr. Watson e eu devo confessar não simpatizei muito com o narcisismo do primeiro, embora lhe tenha achado uma certa graça.

Em termos de enredo, muito resumidamente, teremos neste livro uma morte misteriosa, associada a uma possível maldição que persegue a família Baskerville. As circunstâncias da morte são estranhas e Sherlock Holmes é chamado a tentar desvendar o que realmente aconteceu e a avaliar se é seguro para o herdeiro da família permanecer na casa onde tudo aconteceu. E eu sei que se eu própria lesse esta premissa, possivelmente não me interessaria pelo livro, mas acreditem que a certa altura não vão querer parar de ler, porque não vão descansar até saber como é que a morte aconteceu.

Vários pequenos mistérios vão sendo desvendados e as pequenas suspeitas que vamos tendo ao longo da leitura também vão sendo desconstruídas. Ou pelo menos foi isso que aconteceu comigo, ao ponto de não ter adivinhado o final.

É um livro curto, com capítulos de pouco mais de dez páginas e cada um a terminar de forma a deixar-nos com vontade de querer saber mais. A escrita é muito simples e objetiva, pelo que acho que este é um excelente livro para se ler quando nos apetece algo mais leve.