terça-feira, 6 de outubro de 2015

Três músicas | Três Livros #1

Há uns tempos vi um vídeo no canal de uma das minhas booktubers preferidas, a Tatiana Feltrin, no qual ela falava de algumas músicas que tinham sido inspiradas em livros. Adorei aquele vídeo e achei a ideia muito interessante. Então andei a pesquisar e encontrei várias músicas. A ideia é ir publicando três músicas assim de vez em quando. Estas são as três primeiras:

Alt-J - Breezeblocks



Breezeblocks foi a primeira música que ouvi desta banda britânica, que pela sua sonoridade, que considero ser tão única, se foram tornando numa das bandas que mais gosto de ouvir e de cujas músicas não me consigo cansar. Esta é uma música de amor um bocado estranha, especialmente pelos versos "Please don't go. I'll eat you whole. I love you so.". Isto, porque esta música foi parcialmente inspirada na história de um livro infantil de 1963, de Maurice Sendak, chamado Where The Wild Things Are. Segundo uma entrevista dada pelo vocalista desta banda, Joe Newman, "This song is about liking someone who you want so much that you want to hurt yourself and them, as well.". Supostamente no final desse livro, que eu não conheço, os monstros dizem "Oh, please don't go! We'll eat you whole! We love you so!", chegando a ponderar mesmo o canibalismo, como forma de ter aquela pessoa.

The Police - Don't Stand So Close To Me



Esta foi uma das músicas mais vendidas nos anos 80, no Reino Unido. Nunca prestei grande atenção à sua letra, mas realmente faz sentido. Esta música é sobre a relação proibida entre um professor e uma aluna. Chegou até a especular-se se esta não seria uma música baseada na experiência do próprio Sting, tendo ele sido professor. No entanto, mais tarde, o vocalista veio a desmentir tudo isso. Quanto à inspiração literária utilizada por Sting na criação desta música, ela diz respeito ao livro Lolita, de Vladimir Nabokov, sendo este mencionado no final da música "Just like the old man in that book by Nabokov".


Kate Bush - Wuthering Heights



Esta foi a música com que Kate Bush começou a sua carreira, aos 19 anos de idade. Apesar da dúvida por parte da editora, esta música foi um sucesso e transformou a sua autora na primeira mulher, no Reino Unido, a chegar ao número um com uma música que ela própria compôs. A referência literária que está nesta música é bastante óbvia, começando logo pelo título, que remete para o romance de Emily Brontë, Wuthering Heights (O Monte dos Vendavais), que, curiosamente, foi o primeiro clássico que alguma vez li. Basicamente a letra desta música conta a história de Catherine e Heathcliff, protagonistas deste clássico literário. Segundo a cantora, aquando da criação do seu primeiro álbum, apesar de ter uma vasta colectânea de canções escritas por ela desde os seus 13 anos, Kate optou por se lançar na indústria musical com esta música, que terá escrito, debaixo de uma noite de luar, imediatamente antes de começar a gravar o álbum.



terça-feira, 8 de setembro de 2015

Resenha: I've Got Your Number, Sophie Kinsella


Depois de ter lido dois clássicos, decidi "mudar de ares" durante um bocadinho e ler um livro mais simples e rápido de ler. Há quem já conheça a Sophie Kinsella, por ser a autora dos famosos livros (e filmes) Louca por Compras, mas eu nunca lhe tinha prestado muito atenção. No entanto, como ouvi falar bem deste livro e que seria uma leitura rápida e divertida, optei por lhe dar uma oportunidade.

I've Got Your Number é um livro que já tem tradução em português e que conta a história de Poppy Wyatt, uma rapariga fisioterapeuta, que está noiva de um rapaz que conheceu há pouco mais de um mês, o inteligente e charmoso, Magnus Tavish. No início da história, encontramos a Poppy em pânico, porque perdera o seu anel de noivado e, ainda por cima, este era uma herança de família e valia imenso dinheiro. Depois de ter impedido que a equipa de limpeza começasse a limpar o salão do hotel onde se dera a festa onde tudo aconteceu, e depois de ter procurado em todos os recantos e implorado a toda a gente que procurasse também, Poppy faz uma pausa e decide tentar falar com uma das suas melhores amigas. Para isso, sai do hotel, de modo a obter mais rede e é aí que um homem passa e lhe rouba o telemóvel. Agora como é que alguém a ia avisar, caso o anel fosse encontrado? Ou como é que ia falar com quem quer que fosse? 
Contudo, enquanto desesperava por ter ficado sem telemóvel, a nossa protagonista é subitamente presenteada com um momento de sorte. Ao olhar para o lado, ela repara que está um telemóvel no caixote do lixo e se está no lixo, é porque ninguém o quer. Assim sendo, ela fica com ele, dando logo o novo número ao recepcionista do hotel, para caso o anel seja encontrado, ele a possa contactar. 
Mas a Poppy não ganhou só um telemóvel novo. Com ele, surgem também novas pessoas na sua vida, pois esse telemóvel pertencia à assistente de um empresário, Sam Roxton, que estava também naquele hotel, numa conferência. A assistente foi embora, atrás de um outro emprego, mas os e-mails e as mensagens continuaram a ir parar àquele telemóvel. A Poppy sente que lhe estão a fazer um favor, ao poder usar aquele telemóvel, então sente-se na obrigação de reencaminhar todas as mensagens ao Sam. E é a partir daí que se vai desenvolver a história. 

Quanto à minha opinião, este foi de facto um livro fácil e rápido de ler e eu gostei dele, apesar de ter tido alguns problemas. Inicialmente, não gostei muito da imagem que estava a ser criada da Poppy, como uma rapariga superficial e pouco inteligente, que faz tudo para agradar ao seu noivo. Entretanto fui deixando isso de lado, para tentar aproveitar a história. Contudo, devo dizer que a meio do livro, eu já sabia como é que a história ia acabar, porque sim, tem alguns clichés. Ainda assim, posso dizer que até gostei, só não acrescentou nada à minha vida. É um bom livro para se adaptar ao cinema e sinto que se existisse um filme, não se ganharia nada ao ler o livro, bastaria ver o filme. Mas pronto, recomendo para quem se quiser distrair um bocadinho.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Filme: Another Earth (2011)


Já há algum tempo que dei por mim a deixar de ver filmes. Comecei a só ver séries, o que não é mau, mas isso acabou por fazer com que me habituasse a estar concentrada em algo durante pouco mais de meia hora, no máximo. Isso acabou por levar a que eu me cansasse muito rapidamente de ver um filme, independentemente de quão bom estivesse a ser. 

Assim sendo, decidi que ia tentar ver pelo menos um ou dois filmes por mês e que depois talvez até viesse aqui comentar se gostei ou não. E é isso que vim aqui fazer hoje. Ontem à noite optei por ver este filme de 2011, Another Earth, do qual nada sabia, mas tinha curiosidade, por se encontrar numa lista juntamente com alguns filmes que já tinha visto e gostado. Muitas vezes, gosto bem mais da experiência de ver um filme ou ler um livro, quando pouco ou nada sei sobre ele, por isso decidi arriscar.

Esta história começa com a descoberta de que existe um outro planeta exactamente igual ao nosso, ao qual eles chamaram Earth 2. Esta descoberta põe toda a gente de olhos postos no céu, incluindo Rhonda, a protagonista deste filme. Um dia, enquanto conduzia, Rhonda deixou-se absorver pela grandeza do céu estrelado acima dela e pela visão desse novo planeta, o que levou a que tivesse um acidente rodoviário, chocando frontalmente com um carro onde seguia uma família. Desse acidente, do qual a nossa protagonista sai culpada, acabando por ser presa, sobrevive apenas uma pessoa, com a qual ela acaba por estabelecer contacto uns anos depois. 

Não vou dizer mais nada, porque não quero dizer coisas a mais, que possam estragar a experiência de ver o filme a alguém. Pensei que fosse gostar menos dele, porque achei que se fosse focar apenas nessa descoberta de um novo planeta. Contudo, penso que conseguiram aprofundar mais a história, ligando essa parte científica, com algumas reflexões sobre a culpa e o perdão, das quais gostei bastante. Outro aspecto a que dou bastante importância e do qual também gostei, foi das imagens e das cores utilizadas. Portanto, posso dizer que gostei do filme e que não me senti aborrecida em momento algum, o que é sempre um bom indicador!




terça-feira, 25 de agosto de 2015

Quem Escreve #3: Sylvia Plath


"Let me live, love, and say it well in good sentences."

Autor: Sylvia Plath
Data de nascimento: 27 de Outubro de 1932
Data de morte: 11 de Fevereiro de 1963
Nacionalidade: Norte-americana

Sylvia Plath nasce em Boston, Massachusetts, no ano de 1932, o mesmo ano em que os seus pais se casaram. A sua mãe, Aurelia Schober, é estudante na Universidade de Boston, onde conhece um professor, Otto Plath, pelo qual se apaixona e com o qual se casa e vem a ter esta filha. 
Em 1940, com oito anos de idade, Sylvia perde o seu pai, devido às complicações de uma amputação realizada por causa de diabetes. O seu estilo parental autoritário, bem como a sua morte drástica, encontram-se representados num dos poemas mais reconhecidos de Sylvia Plath, "Daddy".
Durante a sua adolescência, Sylvia foi publicando alguns dos seus poemas em pequenas revistas e jornais. 
Em 1950, Sylvia entra na faculdade Smith College, demonstrando ser uma aluna brilhante. No Verão após o seu terceiro ano, é convidada a trabalhar como editora convidada na revista "Mademoiselle", sendo que para tal iria passar um mês a viver em Nova Iorque. Este acontecimento, bem como as várias tentativas de suicídio, são alguns aspectos que podem ser comparados com aquilo por que passou Esther, personagem principal do único romance de Sylvia Plath, The Bell Jar
Depois de uma fase de internamento num hospital psiquiátrico, Plath consegue terminar o seu curso, com distinção, em 1955. De seguida, muda-se para Cambridge, onde obteve uma bolsa "fullbright". É lá que, no ano seguinte, conhece o poeta britânico, Ted Hughes, com quem se casa, ainda nesse mesmo ano. Deste casal, surgem dois filhos, um em 1960 e outro em 1962. Contudo, em 1962, Ted Hughes deixa-a para ficar com Assia Gutmann Wevill. É nesse Inverno que, Sylvia Plath, envolvida numa profunda depressão, escreve grande parte dos poemas que integram o livro "Ariel". 

A 11 de Fevereiro de 1963, após isolar os seus filhos no quarto, Sylvia toma uma grande dose de comprimidos, liga o gás e coloca a cabeça no forno, suicidando-se assim aos 30 anos de idade. 
A grande maioria das suas obras foi publicada já depois da sua morte, algumas delas orientadas por Ted Hughes, o que faz pensar em até que ponto ele não terá retirado alguns poemas que não lhe convinham aparecer. Ainda assim, Sylvia Plath foi a primeira poetisa a vencer o Prémio Pullitzer já depois de morrer, em 1982, com a obra The Collected Poems.

Influências: Num entrevista, Sylvia Plath menciona alguns escritores que ou a influenciaram ou dos quais ela terá gostado bastante. Entre eles, estão: Dylan Thomas, W. B. Yeats, W. H. Auden, William Blake e William Shakespeare.

Alguns livros publicados:
Prosa:


Poesia:



"I can never read all the books I want; I can never be all the people I want and live all the lives I want. I can never train myself in all the skills I want. And why do I want? I want to live and feel all the shades, tones and variations of mental and physical experience possible in my life. And I am horribly limited."

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Resenha: O Leitor, Bernhard Schilnk


"Durante muito tempo pensei que era uma história muito triste. Não que agora pense que seja alegre. Mas penso que é verdadeira; por isso, a questão de saber se é triste ou alegre não tem nenhuma importância."

No outro dia decidi passar pela biblioteca, porque queria ler um livro um pouco mais curto, de modo a "descansar" um bocadinho entre dois clássicos, e não me apetecia ler nada do que tinha em casa. Acabei por encontrar O Leitor, do alemão Bernhard Schlink. Este livro nunca me tinha despertado assim muita curiosidade, até ter visto pessoas a falar bastante bem dele, então decidi dar-lhe uma vista de olhos.

Resumidamente, nele é-nos apresentada a história de um rapaz chamado Michael Berg, de 15 anos que se cruza com uma mulher de 36, Hanna, pela qual se apaixona. Os dois começam a encontrar-se frequentemente, tentando conjugar o tempo que ambos têm livre para desenvolverem a sua relação. Em cada encontro há como que um ritual, no qual eles começam por tomar um banho, ele lê-lhe um livro e só depois têm relações sexuais. Daí o nome do livro, pois Michael torna-se no seu leitor.

A relação vai continuando, ainda que não seja assumida perante os outros, por medo que a diferença de idades cause alguns problemas na sua aceitação. Até que um dia, Hanna desaparece completamente e Michael só a volta a encontrar sete anos mais tarde, quando, sendo estudante de Direito, é convidado a assistir ao julgamento de criminosos associados à 2ª Guerra Mundial. É neste julgamento que ficamos a conhecer muito melhor esta mulher que, até aqui, sempre se manteve bastante misteriosa. Percebemos, de facto, até que ponto alguém iria para proteger um segredo, tal como é sugerido na capa desta edição. 

Quanto ao que eu achei do livro... Inicialmente, fiquei um pouco hesitante, porque a relação entre estes dois personagens pareceu-me demasiado repentina, o que me impediu de a levar a sério durante bastante tempo. No entanto, com o decorrer da história, comecei a interessar-me mais, especialmente quando começamos a conhecer verdadeiramente a Hanna e a perceber o segredo que ela tão veemente esconde e que a leva a comportar-se de tal forma. O autor, sendo ele um juiz, aproveita também para levantar alguns debates sobre a justiça e a culpa, o que acabou por ser interessante.

Concluindo, considero que, apesar de este não se ter tornado num dos meus livros preferidos, foi uma boa e rápida leitura. Agora esta na altura de ir ver o filme, para saber como ficou! Talvez também venha cá dar a minha opinião sobre ele.

"Por isso, acabei por deixar de falar desse passado. Porque se a verdade daquilo que dizemos é aquilo que fazemos, então bem podemos deixar de falar."

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Resenha: Seriously... I'm Kidding, Ellen DeGeneres


I personally like being unique. I like being my own person with my own style and my own opinion and my own toothbrush. I think it's so much better to stand out in some way and to set yourself apart from the masses. It would be so boring to look out into the world and see hundreds of people who look and think exactly like me. If I wanted that, I could just sit in front of a mirror and admire my own reflection all day.”

Penso que toda a gente (ou a maioria) sabe quem é a Ellen DeGeneres, uma apresentadora norte-americana. Adoro o programa dela e sempre que vejo que este está a passar na TV, independentemente do que tenha para fazer, não consigo ignorar e desligar a televisão. Isto, porque o seu talkshow me deixa mesmo bem disposta e acabo sempre por rir e dançar com ela.

Como a acompanho mais ou menos há algum tempo, já sabia que ela tinha lançado alguns livros, mas nunca tinha pensado em lê-los, até há bem pouco tempo. Optei por "lê-lo" via audiobook, o qual é narrado pela própria autora e (desculpa Ellen) se encontra completo no YouTube.

Nunca tinha "lido" um livro desta forma, porque sempre preferi ler o livro de forma escrita e, de preferência, em papel. No entanto, talvez por ser mesmo a Ellen a narrá-lo, gostei desta nova experiência. O audiobook foi gravado de forma a que pareça mesmo que a autora está a falar connosco, o que torna a sua "leitura" bem mais interessante e engraçada.

Quanto ao livro em si, é impossível resumir a história, porque esta não existe. Isto, visto que este é um livro onde a Ellen depositou os seus pensamentos sobre alguns temas e algumas coisas que lhe aconteceram. No entanto, acabei por apontar algumas passagens do livro, que achei interessantes, por alguma razão, e vou deixá-las aqui. Lidas pela Ellen, com a sua entoação e tudo mais, tornam-se bem mais engraçadas, por isso aconselho-vos a ouvir o audiobook.


A sua opinião sobre espelhos ampliados:
"They show you things that you did'nt know were there, that no one can possibly see. (...) I don't know why we ever need to look into those. They're not accurate. They point out every single one of our flaws. We don't need that. That's why we have mothers. The fact of the matter is that everyone has flaws. No one is perfect, except for Penélope Cruz. Our flaws are what make us human. If we can accept them as part of who we are, they really don't even have to be an issue."


"And the bottom line is we are who we are - we look a certain way, we talk a certain way, we walk a certain way. I strut because I'm a supermodel, and sometimes I gallop for fun. When we learn to accept that, other people learn to accept us. So be who you really are. Embrace who you are. Literally. Hug yourself. Accept who you are. Unless you're a serial killer."


Sobre a quantidade enorme de cremes que a sua esposa, a Portia, tem em casa:
"She has every kind of lotion there is - and there's a lot. There's lotion for your face, lotion for your hands, lotion for your feet, lotion for your body. Why? What would happen if you put hand lotion on your feet? Would your feet get confused and start clapping?"

A certa altura, ela comenta também sobre o facto de já não precisarmos tanto de escrever em papel para nos expressarmos, por causa das tecnologias e redes sociais, que nos permitem fazê-lo de outra forma. Relacionado com isso, fala também sobre como as pessoas têm tanto entretenimento ao seu dispor, que já não lêem tantos livros. Além disso, opta também por salientar a importância de acreditarmos em nós mesmos, nomeadamente as mulheres, que muitas vezes põe os seus sonhos de lado, por acharem que não serão capazes de os realizar.

Concluindo, não achei que tivesse sido um livro excelente, mas foi uma boa experiência e, de certa forma, uma boa "conversa" com a Ellen.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

TOP 5 Wednesday-às-Terças #1

Às vezes apetece-me escrever alguma coisa aqui no blog, mas ou não tenho um livro para comentar ou quero variar um bocadinho, publicando outro tipo de conteúdo. Para tal, acabo por responder a algumas TAG's, mas como não tenho assim tantos livros, vai-se tornando um bocadinho repetitivo e sem graça. Assim sendo, optei por espreitar este grupo "TOP 5 Wednesday" do Goodreads, cujo objectivo acho que é mesmo esse, o de nos dar alguns tópicos, relacionados com livros, para que possamos falar sobre eles.
Há um tópico para cada semana do mês e o objectivo é responder, nomeando cinco livros/personagens/... O tópico que eu escolhi não é deste mês, mas assim que o vi, pensei logo em vários livros, então decidi começar com ele.

8 de Abril - Livros que já gostarias de ter começado ontem.


1. Harry Potter, J. K. Rowling. Pois, eu ainda não acabei de ler estes livros. Sim, eu cresci com Harry Potter, mas com os filmes e não com os livros. Só muitos anos depois é que ouvi falar dos livros, mas assim que soube da sua existência, fiquei logo cheia de vontade de os ler. Tenho tentado levar essa missão a cabo, mas outros livros, cujas histórias eu desconheço, têm vindo a ultrapassá-la. Até hoje só tenho os quatro primeiros livros e agora há novas edições, que são absolutamente lindas, mas que são diferentes da minha... Assim, quando comprar o quinto livro já vai ser numa edição diferente... Mas pronto, eu não me importo assim tanto, o que interessa mesmo é que esta série de livros já era mesmo para ter sido lida ontem!


2. Senhor dos Anéis, J. R. R. Tolkien. Quanto a esta trilogia, pelo menos tenho os livros todos comigo! Durante muitas anos não li, nem vi nada de Senhor dos Anéis pura e simplesmente por causa de uma série de vídeos do YouTube chamada "Bichas do Demónio", que utiliza as imagens dos filmes e substitui os sons originais por diálogos engraçados em português. Ainda só li o primeiro livro e, por isso, ainda só vi o primeiro filme, mas durante o mesmo estava constantemente a imitar algumas das falas dessa série e a rir-me sozinha de coisas sem qualquer piada. Mas pronto, estou agora a ler o segundo livro e depois passarei para o terceiro, de modo a terminar uma das histórias mais épicas de sempre.



3. Cidades de Papel, John Green. Li "A Culpa é das Estrelas" no Verão passado, mas na altura não fiquei cheia de curiosidade para ler mais obras do autor, só que entretanto comecei a ouvir falar bastante bem do "Cidades de Papel", nomeadamente por parte de uma ou duas pessoas em cujo gosto confio bastante, que falaram do livro como sendo uma leitura leve e bem divertida. É Verão, por isso uma leitura leve e divertida vem mesmo a calhar e além disso, penso que o adaptação deste livro para o cinema já saiu ou está prestes a sair, o que me dá ainda mais vontade de o ler, para depois poder comparar com o filme. Bem, pode ser que aconteça entretanto...



4. Mrs. Dalloway, Virginia Woolf. Já não tenho mais desculpas, até porque já tenho o livro e na edição que queria. Quero mesmo muito ler tudo de Virginia Woolf. Já ouvi falar tão bem dela, por parte de pessoas confiáveis, que tenho quase a certeza de que vou gostar! Ainda vai acontecer este Verão!



5. Série Hannibal, Thomas Harris. Nunca li nada deste género, por isso não sei se irei gostar ou não, mas, honestamente, creio que sim. Já há muito tempo que tenho curiosidade relativamente a esta história e a este personagem, Hannibal Lecter, a qual só tem vindo a aumentar a partir do momento em que comecei a assistir à série televisiva. Optei por ver a série, mas ainda não vi os filmes, isto porque sempre que tenciono verdadeiramente ler os livros, procuro fazê-lo primeiro e só depois ver os filmes. Gosto de todas as surpresas que podem estar escondidas nos livros e não quero estragar isso ao ver os filmes primeiro. Ainda não tenho os livros, mas um dia destes isto há-de acontecer e eu vou lê-los!



terça-feira, 21 de julho de 2015

Resenha: Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez


"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo."


Quase um ano depois de ter comprado este livro, decidi pegar nele. Nunca tinha lido nada do colombiano Gabriel García Márquez, mas a vontade era muita e acho que comecei bem. Cem Anos de Solidão é uma das suas obras mais conhecidas, tendo sido esta destacada com a atribuição do Prémio Nobel ao seu autor em 1982.

Acho que é um bocadinho difícil resumir esta história, porque ela decorre ao longo de cem anos, durante os quais acompanhamos a vida da família Buendía, fundadora de uma pequena aldeia chamada Macondo. São muitos personagens e com nomes repetidos, tornando-se, muitas vezes, complicado lembrar quem é quem. Contudo, essa repetição de nomes tem o seu propósito. Nesta família, os nomes de cada membro determinam a sua personalidade e o seu destino. De uma pessoa com o nome X já era esperado que agisse de certa maneira. Isto é importante ao ponto de a certa altura do livro ser afirmado que os nomes de dois irmão devem ter sido trocados, porque os nomes que lhes foram atribuídos não correspondem à sua personalidade.

Esta família começa com o casamento incestuoso de dois primos, José Arcadio e Úrsula, sendo tal fenómeno repetido imensas vezes nas seguintes gerações. Aqui encontramos logo um dos muitos elementos de realismo fantástico apresentados ao longo do livro, sendo que nos é dito que deste tipo de relações incestuosas sairiam filhos com rabo de porco. Eu gosto desses mesmos elementos, os quais, na minha opinião, tornam a história bem mais interessante.

Gabriel García Márquez aproveita também para fazer um retrato de uma guerra civil entre liberais e conservadores, na qual um membro da família Buendía participará, ainda que, anos mais tarde, devido à manipulação exercida pelo Governo, tal ser encarado pelas pessoas como um mito ou uma lenda, como terá também acontecido noutros momentos, como no episódio do encerramento da companhia bananeira.

Tal como mencionei acima, nesta história conhecemos uma panóplia de personagens, cada um com a sua particularidade, talvez sendo até mais fácil relembrá-los através dessas particularidades do que através dos seus nomes. É de destacar a forte presença das mulheres nesta história, que se impunham, tinham poder e uma palavra a dizer.

Há quem diga que estes "Cem Anos de Solidão" remetem para à solidão associada ao que é/era ser latino-americano, alguém que foi invadido, explorado, colonizado e, posteriormente, abandonado à sua sorte, o que faz sentido.

Adorei este livro e quero muito ler mais do autor. Este é um daqueles livros que merece e deve ser relido imensas vezes, pois acredito que em cada releitura se vá encontrar mais uma coisa que terá escapado na leitura anterior.

"Era uma tortura inútil porque, já nessa época, ele tinha terror de tudo o que o rodeava, e estava preparado para se assustar com tudo o que encontrasse na vida: as mulheres da rua, que estragavam o sangue; as mulheres da casa, que pariam filhos com rabos de porco; os galos de luta, que provocavam a morte de homens e remorsos de consciência para o resto da vida; as armas de fogo, que só por serem tocadas condenavam a vinte anos de guerra; as empresas incertas, que só conduziam ao desencanto e à loucura, e tudo, enfim, tudo quanto Deus tinha criado na sua infinita bondade e que o Diabo pervertera."


terça-feira, 14 de julho de 2015

Resenha: The Night Circus, Erin Morgenstern


"The circus arrives without warning. No announcements precede it... It is simply there, when yesterday it was not."

Finalmente consegui ter tempo para terminar esta leitura. Parti para este livro sem saber nada sobre ele, a não ser aquilo que está mencionado na citação acima. Decidi lê-lo porque, além de me ter sido recomendado por pessoas em cujo gosto literário eu confio, pareceu-me algo diferente de tudo o que já tinha lido e, além disso, andava com vontade de ir para outra realidade diferente. 

The Night Circus é o primeiro e único livro da autora Erin Morgenstern. No início da história conhecemos Hector Bowen, um ilusionista bastante famoso e reconhecido pelos seus talentos, os quais ninguém sabe que dizem respeito a magia verdadeira. Certo dia, depois de um espectáculo, chega ao seu camarim uma jovem, Celia Bowen, sua filha, depois da sua mãe ter cometido suicídio. Hector fica com a filha e, com o passar do tempo, vai-se apercebendo que também esta tem alguns poderes mágicos, os quais ele vai explorar a partir daí. 

A questão principal deste livro está no facto de Hector Bowen ter uma espécie de jogo ou competição com outro homem, "o homem do fato cinzento". Essa competição envolve magia e uma medição de forças mágicas entre dois oponentes, que são alunos destes dois homens e que são, por isso, escolhidos por eles para competir obrigatoriamente, durante um tempo indefinido, até que um perca.

E é uma dessas competições que vai dar origem a este circo, cheio de magia, onde qualquer acto de um dos oponentes vai ter as suas repercussões tanto no próprio circo, como nas pessoas que o constituem. 

Foi uma leitura um pouco lenta e, inicialmente, demorei um pouco a perceber o que se estava a passar. Contudo, não me fui preocupando muito com isso, porque aos poucos as peças foram encaixando e a história foi começando a fazer sentido. Até lá fui aproveitando para mergulhar neste circo fantástico, com várias tendas diferentes e vários personagens interessantes, cada um com a sua história. Daí também não me ter incomodado o facto da leitura ter sido um pouco lenta, porque tal ajudou a conhecer bem os personagens e a própria construção e evolução do circo.

Sinceramente, a minha parte preferida foi ver o que havia em cada uma das muitas tendas existentes. O detalhe é muito bom. Em cada uma, havia a preocupação com o que o visitante iria sentir ao entrar lá, literalmente. Até havia a preocupação com os cheiros! Várias tendas nem tinham uma atracção específica no meio, dando espaço ao visitante para as explorar. 

Esse aspecto da exploração do circo também foi interessante de ver através das aventuras de um rapaz, Bailey Clarke, que adorava o circo e o visitava sempre que ele aparecia na sua cidade, especialmente quando ele conheceu e fez amizade com dois irmãos que nele trabalhavam. 

Como já disse, há também toda a história da competição que está a decorrer e cujo enredo se vai desenvolvendo aos poucos. Além disso, vemos também um romance entre dois personagens, mas tal acaba por não ser o principal foco do livro, o que para mim foi um ponto muito positivo.

Enfim, gostei do livro. Não foi a melhor história que já li em toda a minha vida, mas foi bom e satisfez bem as minhas necessidades de mergulhar num mundo diferente. Tem partes do livro em que a autora se dirige literalmente ao leitor, como se ele estivesse a entrar e a explorar o próprio circo. Na minha opinião, isso foi interessante e que deu algo novo e diferente ao livro. Acho mesmo que vou ter saudades de visitar algumas das tendas...

"People see what they wish too see. And in most cases, what they are told that they see."

quinta-feira, 4 de junho de 2015

terça-feira, 5 de maio de 2015

Quem Escreve #2: Bukowski



"What matters most is
How well you
Walk through the
Fire."

Autor: Henry Charles Bukowski Jr.
Data de nascimento: 16 de Agosto de 1920
Data de morte: 9 de Março de 1994
Nacionalidade: Alemã/Americana

Bukowski nasceu na Alemanha, mas foi viver para os E.U.A. logo aos dois anos de idade. O seu pai era um soldado bastante rígido e amante da disciplina, acabando por ser bastante exigente com o próprio filho, punindo-o fisicamente após a mais pequena falha. Além dos abusos físicos por parte do pai, Bukowski não tinha muitos amigos, pois sofria de bullying por parte dos rapazes e era rejeitado pelas raparigas.
Em 1939, Charles ainda procurou frequentar o Los Angeles City College, mas acabou por sair logo aquando do início da 2ª Guerra Mundial, partindo para Nova Iorque com a ambição de vir a ser escritor, o que só consegue alcançar, profissionalmente, aos 35 anos, quando começa a publicar as suas obras em jornais mais alternativos e independentes. Apesar de só ter começado a publicar aos 35 anos, Bukowski escreveu mais de quarenta livros de poesia, contos e romance. As suas obras são dominadas pelo álcool, sexo, apostas e música, tendo um carácter bastante auto-biográfico. A escrita de Bukowski é crua e transpira loucura, não havendo a necessidade de ornamentos literários para que a mensagem seja transmitida. Aos 74 anos, morre de leucemia, deixando para trás uma obra imensa, especialmente de poesia, que continuou a ser publicada e adorada pelos seus leitores.

Influências:
Quer tenha sido pela escrita em si, pelos temas abordados, pelos personagens, ou por qualquer outra razão, aqui estão alguns autores que terão influenciado Bukowski: John Fante, Louis-Ferdinand Céline, Henry Miller, Jean-Paul Sartre, George Orwell, Fiódor Dostoiévski, Ernest Hemingway e Knut Hamson.

Alguns livros publicados:
Curiosidades:

  • Aos treze anos de idade, Bukowski foi convidado por um colega a ir a sua casa, onde provou uma bebida alcoólica pela primeira vez e, mais tarde ao escrever sobre o assunto, o escritor disse: "It was magic. Why hadn't someone told me?".
  • É também aos treze anos que o autor diz ter escrito o seu primeiro conto. Bukowski afirma que, do nada, pegou num lápis e começou a escrever num caderno, sem parar. O conto era sobre um homem armado, que andava num avião a matar pessoas. Esse conto acabou por ser confiscado pelo pai do autor, que o destruiu imediatamente.
  • Foram vários os empregos que este escritor teve e todos eles lhe deram experiências que serviram de inspiração para algumas das suas histórias. Entre esses empregos estão: camionista, carteiro, funcionário numa estação de combustíveis, assistente de parques de estacionamento, funcionário num matadouro, colunista, ...


Quanto a mim, ainda só li um livro de Bukowski, um romance, Pulp, com o qual me estreei aqui no blog. Gostei bastante da escrita dele e quero mesmo muito ler mais daquilo que ele escreveu.



"There's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
There's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pour whiskey on him an inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that 
he's 
in there."

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Filme: Anna Karénina (2012)


Bem, finalmente tirei algum tempo para ver este filme. Queria mesmo saber como tinha ficado a adaptação cinematográfica deste livro do Tolstoi, cuja opinião já escrevi por aqui no blog. Além disso, adoro a Keira Knightley e, apesar de não a ter imaginado a ela como Anna Karenina, o facto de ela aparecer no filme, deu-me ainda mais vontade de o ver. Para não falar da banda sonora, que já tinha ouvido, durante a leitura do livro, e que tinha adorado.

O filme acaba por se focar principalmente na história da Anna Karenina, deixando um pouco de lado os outros personagens, que para mim, foram absolutamente essenciais no livro. No entanto, Anna Karenina é a protagonista desta história, por isso faz sentido que o filme se tenha centrado na sua história. 

No geral, gostei do filme. Não se tornou num dos meus filmes preferidos, mas foi uma boa experiência, apesar de se ter perdido um pouco da profundidade do livro. Gostei bastante da ideia de fazer parecer que toda a história se passa num palco. Há uma continuidade entre cada cena e por vezes vêm-se mesmo os cenários mudar atrás dos personagens, o que dá ainda mais essa imagem de um teatro. Assim como a própria forma como os personagens se movimentam, por vezes, semelhante a uma dança.

Mais especificamente, uma das minhas cenas preferidas do livro é, tal como já mencionei na resenha, a primeira vez que vemos a Anna Karenina e, ao mesmo tempo, a primeira vez que ela e Vronski se cruzam. Adorei essa parte, mas no filme perdeu toda a sua "magia" e a Anna Karenina não apareceu como eu a tinha imaginado.

Ainda assim, gostei bastante do filme, no geral. Uma das cenas que, para mim, merece ser destacada, é a cena do baile, onde Anna e Vronski dançam juntos. Foi absolutamente linda e não consegui mesmo tirar os olhos do ecrã, de tão bem construída que foi. A própria evolução da cena, que se vai tornando cada vez mais densa e frenética... ksdhfkj! Muito amor para esta cena! Vou deixar aqui, para quem tiver curiosidade. (Eu, pessoa que odeia spoilers, digo-vos que ver esta cena não vos vai arruinar a experiência de ler o livro ou de ver o filme. É seguro!)


Concluindo, acho que foi um bom filme, com um conceito geral interessante, com umas fatiotas giras e com uma excelente banda sonora (como já disse 19075657 vezes). Contudo, para quem quer conhecer a história, mas está com preguiça de ler o livro, acho que vai perder muito se se ficar apenas pelo filme. Uma das razões para isso mesmo é porque o filme se foca quase totalmente na história da Anna Karenina e mesmo esta é bem mais aprofundada no livro. O ideal, para mim, continua a ser ler primeiro o livro e, depois, ver o filme.


"You can't ask why about love."

terça-feira, 14 de abril de 2015

Resenha: Anna Karénina, Lev Tolstoi


"Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."

Finalmente tenho este livro lido e já posso falar um bocadinho sobre ele!
Há muito tempo que queria ler autores russos e optei por começar pelo Tolstoi. Um dos seus livros mais conhecidos é o Anna Karénina, publicado em 1877 e foi por esse mesmo que comecei.

Neste livro, o autor não se limitou a contar-nos a história de Anna Karénina, explorando também uma série de outras personagens que acabam por estar todas interligadas. Talvez se possa dizer que, ao longo do livro, vamos seguindo três linhas narrativas, a de Lévin e Kitti, a de Anna e Vronski e a de Oblonski e Dolli.

Esta história passa-se num meio aristocrático, na Rússia, durante o czarismo. Naquela altura a Rússia estava a passar por várias mudanças e os temas dessas mesmas acabam por ser constantemente discutidos por alguns personagens durante os seus encontros sociais, como a criação do zemstvo, o desenvolvimento da agricultura russa, o estatuto da mulher e ainda há tempo para debater questões bélicas.

Como mencionei antes, seguimos três linhas narrativas, cuja existência é absolutamente essencial para que Tolstoi conseguisse levar o leitor a inevitavelmente comparar estas três e ainda para que este conseguisse aproveitar para fazer as críticas sociais que fez.

Focando-me agora só na história da personagem que dá nome ao livro, Anna Karénina é uma mulher que nos é descrita como sendo absolutamente linda, elegante e cativante. O momento em que ela aparece pela primeira vez é descrito de tal forma que nós percebemos imediatamente que é ela. Adorei especialmente essa cena, no comboio, principalmente pela forma como Tolstoi a escreveu:

"Pediu desculpa e ia entrar na carruagem, mas sentiu a necessidade de olhá-la uma vez mais - não por ela ser muito bonita, não pela elegância e pela graça discreta que emanava de toda a sua figura, mas porque havia qualquer coisa de especialmente gentil e terno na expressão do seu rosto quando passou ao lado dele. Quando ele olhou para trás, ela também voltou a cabeça. Os seus olhos cinzentos e brilhantes, escurecidos pelas densas pestanas, detiveram-se amigáveis e atentos no rosto dele, como se o reconhecesse, e de imediato se desviaram para a multidão que se aproximava, como que há procura de alguém. Nesse breve olhar, Vronski conseguiu notar uma vivacidade contida, que brincou no rosto dela e esvoaçou entre os olhos brilhantes e um sorriso quase impercetível que lhe arqueou os lábios vermelhos."

Resumidamente, Anna era casada com um homem bastante importante na sociedade, de quem tinha um filho, mas eventualmente apaixona-se por outro homem, Vronski. Contrariamente ao que acontecia com outras mulheres que cometiam adultério, Anna decide aceitar os seus sentimentos e, mesmo sabendo que, ao fazê-lo, teria que abandonar o filho, opta por não se esconder. Assim, a sociedade fica a saber do seu caso extra-conjugal com Vronski, o que faz com que ela passe a ser olhada de lado, como sendo uma mulher má e desprezível, pela maior parte das pessoas.

Não vou contar mais, porque se o fizesse ia estar aqui a escrever para sempre, tendo em conta o enorme conteúdo deste grande livro e visto que existem nele imensos temas que poderiam ser discutidos. Não o vou fazer aqui, como é óbvio. Digo só que é um livro excelente e que devia ser lido por todos, visto que acaba por abordar vários temas, que podem interessar a várias pessoas. A escrita do Tolstoi é clara e deliciosa. Este é um livro que se lê bem, não estando cheio de "palavras difíceis". Além disso, como segue várias personagens, que (já agora) são exploradas de forma profunda e bem desenvolvidas ao longo do livro, há sempre algo a acontecer, o que faz com que o queiramos estar sempre a ler. Posso também dizer que, embora adore a Anna Karénina e ter ficado muito triste com o desfecho dela (apesar de já o saber mais ou menos), acho que o meu personagem preferido é o Lévin. Curiosamente, segundo o posfácio da minha edição, escrito pelo Vladimir Nabokov, este homem (Lévin) é o personagem mais próximo do próprio autor, o que eu achei interessante.

Provavelmente havia mais coisas que eu queria mencionar, mas que já me esqueci. Vou só dizer que adoro a edição que comprei (a da imagem), mas que quem não conhecer nada da história e não quiser ficar a saber demais, como era o meu caso, não leia o que está na contra-capa. Além disso, uma boa ajuda para entrar no mood para ler este livro é estar a ouvir a banda sonora do filme, o qual eu tenciono ver entretanto e talvez até venha aqui dizer aquilo que achei dele.

Tornou-se num dos meus livros preferidos, por isso é óbvio que o recomendo!

terça-feira, 31 de março de 2015

Resenha: No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares


"Escrever é usar as palavras que se guardam: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."

Como mencionei na publicação anterior, tencionava reler este livro do Miguel Sousa Tavares e foi isso mesmo que fiz. Decidi fazer uma mini pausa no Anna Karenina e ler outra coisa. De facto já tinha lido este livro, mas como foi há tantos anos, confesso que já de pouco me lembrava. Só sabia que tinha gostado.

Basicamente, No Teu Deserto começa imediatamente de uma maneira pouco comum. Logo no primeiro parágrafo é dito ao leitor que no final do livro a outra protagonista do romance irá morrer, "como se morre nos romances: sem aviso, sem razão, a benefício apenas da história que se quis contar".

Então, nesta história, o narrador vai contar-nos, como se se estivesse a dirigir à outra protagonista deste "quase romance", aquilo que viveu com uma mulher, a Claúdia, numa viagem pelo deserto do Saara. Esta não chega a ser uma relação romântica, por muito que o leitor acabe por torcer que sim. 

Comparando a minha primeira leitura, acho que gostei mais da primeira vez que o li. Tal não significa, de todo, que não tenha gostado dele agora! Gostei, mas algumas partes foram um pouco superficiais de mais. Contudo, este livro consiste no narrador a contar como foi a sua viagem pelo deserto e fá-lo dirigindo-se à pessoa que esteve com ele, o que talvez possa desculpar essa falta de aprofundamento. Outro aspecto que me incomodou um bocadinho foi o facto de haver partes do livro narradas pela Claúdia, o que não faz grande sentido, visto que esta história é contada a partir do futuro, ou seja, a Claúdia já estaria morta aquando da narração. 

Na minha opinião, a melhor parte do livro é mesmo a forma como o autor escreveu algumas partes, a forma como pensou e embelezou algumas coisas. De facto, a maneira como ele falou do deserto, fez-me olhá-lo de outra forma, não sendo apenas o sítio onde não se passa nada.

Por fim, acho que é um bom livro para descontrair, até porque se lê de forma bastante rápida. 

"Não, não era disto que eu estava à espera: não estava à espera de te ver assim, caído sem defesa nem disfarce, e de sentir esta vontade incrível de me encostar a ti, como se tu fosses uma parede e eu o seu contraforte. Mas agora não vou pensar nisso, vou só dormir assim, abraçada a ti - e amanhã, se vier a propósito, falamos disso."

"De facto, só abro a gaveta quando vou à procura de uma imagem específica que possa ter uma utilidade concreta e actual, evitando cuidadosamente qualquer tipo de vistoria que possa despertar essa serpente venenosa que hiberna no fundo da gaveta e a que chamamos nostalgia. Dizem que as fotografias não mentem, mas essa é a maior mentira que já ouvi."

"E era assim connosco naqueles dias, também. Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar."


terça-feira, 17 de março de 2015

TAG: Livros Opostos

Como a leitura do Anna Karenina ainda está em andamento e não tinha outra resenha para publicar esta semana, optei por responder a mais uma TAG. É um tipo de conteúdo que gosto de ver e assim não fico mais uma semana sem publicar algo aqui no blog.

1. O primeiro livro da sua colecção e o último livro comprado.


Não tenho a certeza qual dos dois foi o primeiro livro comprado, se é que não foram os dois oferecidos. Já não me lembro, porque são mesmo os livros mais antigos que ainda tenho na minha estante, visto que a minha mãe se desfez dos meus livros infantis, sem eu saber... O da Louise Plummer faz parte de uma série de livros gigante, da qual eu tenho este e mais três livros. Li-o e na altura gostei. Quanto ao da série Uma Aventura, acho que nunca o li...


Este foi o último livro que comprei e, em princípio, o próximo que tenciono ler. Não sei muito sobre ele, mas também não quero saber. Gosto de descobrir o livro sozinha. Só sei que envolve um circo que aparece e desaparece. Não sei mais nada, mas assim que o tenha lido, venho aqui dar a minha opinião sobre ele.

2. Um livro barato e um livro caro.


Já não sei ao certo quanto foi, mas tenho quase a certeza que paguei um ou dois euros por este livro numa promoção do Continente. Também ainda não o li e não tenho muita vontade de o ler agora, mas tive que aproveitar comprá-lo ao preço que estava, visto que é um livro que eventualmente vou querer ler.



Já há algum tempo que não compro livros muito caros. Tenho comprado mais em promoções, ou com algum desconto em cartão ou até mesmo livros usados. Mesmo assim, não me lembro de alguma vez ter comprado algum livro caro o suficiente para se destacar dos outros. Por isso, decidi responder a esta pergunta com o primeiro livro que comprei para o curso de Psicologia, logo no primeiro ano. Já não sei ao certo quanto custou, mas com desconto deve ter andado à volta dos vinte ou trinta euros.

3. Um livro com um protagonista homem e um com uma protagonista mulher.


Este ainda é o único livro de Bukowski que li até agora. O protagonista é um homem, Nick Belane. Li o livro nas férias de Verão do ano passado e já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog. Aliás, foi a primeira publicação. 


No clássico Jane Eyre, a protagonista é uma mulher chamada... Jane Eyre! Já li o livro há algum tempo e sinto que eventualmente devia relê-lo. Isto porque sei que o adorei, mas há coisas das quais já mal me lembro, o que é uma pena porque daquilo que me lembro, adorei mesmo, tanto a história, como as personagens, especialmente a Jane.

4. Um livro que leste bem depressa e um que demoraste para ler.


Este é um livro que já li há bastante tempo, mas sei que o li muito rapidamente, até porque é um livro curto. Já não me lembro de quase nada da história, excepto da última frase do livro, porque enquanto o lia fui lá espreitar e vi logo que alguém morria. Nunca mais vou espreitar a última página! Entretanto estou a pensar relê-lo e dizer aqui o que achei sobre ele.


Podia ter escolhido o livro Pela Estrada Fora, do Jack Kerouac, sobre o qual já falei aqui. Mas optei por mencionar este livro do Miguel Esteves Cardoso. Já não sei quanto tempo demorei a lê-lo, mas foi bastante. Contudo, não pelas mesmas razões pelas quais demorei tanto a ler o do Jack Kerouac. Neste caso, o facto de ter sido uma leitura lenta não significa que o livro me tenha aborrecido ou que não estivesse a gostar de alguma coisa, porque gostei bastante de o ler. O que se passou aqui foi que este é um livro de crónicas, o que faz com que não seja uma leitura contínua. Eu não tinha que estar sempre a ler para saber o que ia acontecendo, porque não havia uma história. Além disso, ia lendo outros livros ao mesmo tempo.

5. Um livro com uma capa bonita e um com uma capa feia.


Escolhi este livro porque acho esta capa linda. Há outras capas diferentes para este livro, mas para mim esta é a mais bonita. Também já fiz resenha para este livro aqui no blog e até o comparei ao filme.


Este é um dos meus livros preferidos da vida, mas a edição que eu tenho tem uma capa mesmo feia... Enfim, é um bom exemplo de que não se deve julgar o livro pela capa. Também já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.

6. Um livro nacional e um internacional.


Podia ter escolhido outro dele, mas nesta categoria tinha que mencionar Saramago. Conheci a obra dele com o Memorial do Convento e gostei tanto que já tive que ler mais alguma coisa. Este é um livro em que a protagonista é a morte, que certo dia decide deixar de matar pessoas, as quais se vão acumulando e que, mesmo em estado terminal, não morrem. E pronto, gostei muito e não vou contar mais nada! 


Este foi outro livro que comprei em promoção no Continente, também muito barato. Ainda não o li e acho que nunca ouvi falar sobre ele, mas como é da mesma autora que o Jane Eyre, decidi comprá-lo, para quando estiver com vontade de o ler.

7. Um livro fino e um livro grosso.


Esta minha edição do Grande Gatsby é bastante curta, o que a certa altura me deixou triste, porque estava mesmo a adorar o livro, mas ao mesmo tempo não queria continuar a lê-lo, porque não queria de todo que acabasse. Já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.


O livro mais grosso que tenho é, sem dúvida, o Anna Karénina, de Tolstoi, que estou a ler agora. Até agora esta a ser muito bom. É um livro com muita história e nada parado. Há sempre alguma coisa a acontecer, até porque segue várias personagens. Assim que o acabar de ler, venho aqui dar a minha opinião.

8. Um livro de ficção e um de não-ficção.


Para livro de ficção escolhi o primeiro livro do Senhor dos Anéis, A Irmandade do Anel. Foi o único que li, mas ando mesmo com muita vontade de ler fantasia. Se já tivesse o segundo livro, provavelmente até já o tinha começado...


Não tenho muitos livros de não-ficção, então a minha resposta é um bocado clichê. Toda a gente sabe o que é o Diário de Anne Frank, por isso não vale a pena comentar nada.

9. Um livro meloso e um de acção.



Este é, provavelmente, o livro mais meloso que eu tenho. Não combina nada comigo, mas adorei lê-lo. Achei-o super adorável. Também já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.


A trilogia dos Jogos da Fome é uma distupia cheia de acção, por isso tinha mesmo que ser esta a minha escolha. Apesar de não ter adorado algumas coisas (que me chatearam bastante até), foi uma boa leitura. Ainda não vi os filmes todos, mas eventualmente vou ver!

10. Um livro que te deixou triste e um que te deixou feliz.


Já li este livro há alguns anos, mas lembro-me perfeitamente que o seu final me deixou bem triste. Não vou estragar a história a quem o queira ler (vale bem a pena, já agora!), mas digamos que no fim morre alguém que eu não queria que morresse. E eu não estava à espera.


Não queria repetir nenhum livro, mas também não queria estar sempre a mencionar o Harry Potter, então decidi escolher como um livro feliz o Anna and the French Kiss. É mesmo um livro bom para se ler quando se está a precisar de descontrair um bocado, porque é uma leitura "fácil" e adorável.