sábado, 31 de outubro de 2020

A Catcher in the Rye, J. D. Salinger

 

Finalmente, li "The Catcher in the Rye", do J. D. Salinger, e percebi o que andava a perder. Apesar de já ter terminado este livro há algum tempo, continuo com ele muito presente e o protagonista - Holden Caulfield - passou a fazer parte do conjunto de personagens que passeiam pela minha cabeça.

Pelo que me tenho vindo a aperceber, este é um livro que divide opiniões, entre os que adoram e os que odeiam. Eu enquadro-me no primeiro grupo. Para quem vai à procura de um livro focado na ação e gosta de leituras em que estão sempre coisas a acontecer, acredito que se vá sentir frustrado com este livro. Para aqueles que se deliciam com a possibilidade de acompanhar personagens e seguir os seus pensamentos, acredito que tenham maior probabilidade de gostarem desta leitura. Ainda assim, há quem aponte como motivo para não ter gostado, a própria personalidade do Holden - mas já aí vou.

Este livro cativou-me deste a primeira frase, que marca bem o tom de todo o livro e se tornou num dos melhores começos que já li: "If you really want to hear about it, the first thing you'll probably want to know is where I was born, and what my lousy childhood was like, and how my parents were occupied and all before they had me, and all that David Copperfield kind of crap, but I don't feel like going into it, if you want to know the truth.".

É este o narrador e é este o tom com que nos fala - informal, descontraído, despretensioso, como se estivéssemos sentados num café enquanto nos conta o que aconteceu com ele durante os dois dias em que se passa este livro.

Recusando-se a dar-nos um background acerca da sua história, e deixando muitas perguntas por responder, Holden, um adolescente americano nos anos 50, é para mim um exemplar do que viria a ser a Geração Beat. Vagueamos com ele por Nova Iorque, num momento em que a escola não lhe está a fazer sentido, assim como o passar do tempo e o aproximar da vida adulta. Facilmente coloquei as lentes depressivas e negativistas deste protagonista e empatizei com o seu sofrimento e a forma de ver o mundo como cheio de hipocrisia - excepto no seu porto seguro, a bonita relação com a sua irmã mais nova.

Ficamos sem saber o que lhe aconteceu até chegar aqui, uma vez que só nos é concedida a oportunidade de espreitar um bocadinho para dentro da sua vida. Terminamos o livro e fica a curiosidade de onde terá ido parar o percurso desta personagem - que para mim foi escrita de uma forma absolutamente realista, que o tornou quase no equivalente a uma pessoa de carne e osso. Uma pessoa que eu própria gostaria de apanhar antes do abismo.

É um dos livro que irei reler ao longo da vida e que ficou aqui num cantinho especial.