segunda-feira, 10 de junho de 2019

Leve 2, Pague 1! Viktor Frankl & Stefan Zweig

A minha rotina mudou neste último mês e tenho-me visto a chegar ao final do dia mais cansada e com menos tempo e capacidade para ler, muito menos ainda para escrever aqui. Ainda assim, sinto necessidade de escrever por aqui a minha opinião sobre o que vou lendo, também como forma de tentar contrariar a minha memória de peixe. 

No total, li três livros este mês, mas hoje apenas falarei de dois deles. O outro é de poesia e planeio fazer algo com ele mais tarde. 


M A N ' S   S E A R C H   F O R   M E A N I N G

Comecemos pelo  Man's Search for Meaning, do psiquiatra e psicanalista austríaco, Viktor Frankl. Este livro já habitava as minhas estantes sem ser lido há algum tempo (demasiado, na verdade), tendo-me sido recomendado várias vezes ao longo dos 5 anos de faculdade. Publicado em 1946, este livro é dividido em duas partes, sendo a primeira um relato da sua experiência nos campos de concentração pelos quais passou e a segunda uma explicação da sua abordagem teórica, a logoterapia (a base está na procura por um sentido para a vida). 
Contrariamente a algumas pessoas, leio com muito maior facilidade livros de literatura, do que livros teóricos, então confesso que temia que este livro fosse mais teórico e foi isso que me foi afastando dele. Para alguém que esteja a ler isto e tenha o mesmo receio, digo já que não vale a pena. Este livro é curtinho (165 páginas) e apenas consegui pegar nele alguns dias, mas de cada vez que o fazia, lia bastante. Naturalmente, a primeira parte lê-se com maior voracidade, dado o seu conteúdo, mas ainda assim considero que é um livro muito acessível. A escrita do autor é bastante simples e fácil de entender. 
Mas não vão à espera de encontrar uma descrição extensa dos horrores vividos nos campos de concentração nazi, porque não é bem isso que vão encontrar. O autor relata vários episódios, mas vai além disso. Ele vai pensando connosco acerca da vertente mais psicológica e emocional desta experiência, focando-se principalmente naquilo que, na sua opinião, ajudou a que algumas pessoas sobrevivessem - o sentido que davam àquela experiência. São feitas algumas referências a Friedrich Nietzsche, nomeadamente esta frase, que ficou comigo desde então: "He who has a why to live can bear almost any how". Recomendo muito, já que acho que vai dar azo a boas reflexões!



C A R T A   D E   U M A   D E S C O N H E C I D A

Terminei o mês com o primeiro contacto com um autor que nunca tinha lido, o Stefan Zweig, curiosamente também austríaco (juro que não foi de propósito!). Já tinha ouvido falar bem de outro livro dele, mas no dia em que fui à biblioteca só tinham este na estante, o Carta de uma desconhecida. Trouxe-o também por ser um livro curtinho (cerca de 60 páginas), o que foi perfeito para estes dias mais atarefados. Li-o bastante depressa, até porque me cativou desde a primeira página.
Este parte de uma cena inicial em que um homem recebe uma carta enorme e sem remetente. A carta começa com "para ti, que nunca me conheceste". Quer dizer... Quem é que não se ficava a roer de curiosidade depois de ler isto?! Stefan Zweig prendeu-me aqui e conseguiu manter-me curiosa ao longo da leitura desta carta misteriosa.
Adorei! Um livro tão pequeno e tão cheio de emoções. Apesar de ter achado interessante a história narrada, foi todo o trabalho na exploração das emoções da protagonista (e autora da carta) que me cativou, porque me fez sentir próxima da mesma. Acho que para isso contribuiu muito a escolha do autor em contar isto através de uma carta, já que os factos são contados de forma muito mais íntima.
Obviamente que recomendo e irei continuar a ler mais coisas deste autor!