sábado, 27 de fevereiro de 2021

Brief Answers to the Big Questions, Stephen Hawking


Se há uns anos me tivessem perguntado se teria interesse em ler este livro, provavelmente teria dito que não. Mas os livros de não-ficção têm vindo gradualmente a ganhar espaço na minha estante, especialmente neste último ano. O espaço sempre me fascinou, mas confesso que foi depois de ver (e adorar) o filme "Interstellar" que surgiu uma curiosidade maior em relação a compreender estes temas. Adoro pensar sobre coisas e aprender sem pressas, então não resisti a este livro quando me cruzei com ele e vejo as questões que traz na contracapa e às quais Stephen Hawking responde dentro do livro.

Deus existe? Quais as origens do universo? Será que podemos prever o futuro ou viajar no tempo? Existe vida inteligente no universo e devemos colonizar o espaço?  Será que sobrevivemos neste planeta? Que papel terá a inteligência artificial? Temos aqui a resposta possível a todas estas questões, ficando com outras tantas para nós - tal como deve ser. Tenho o livro todo sublinhado e com várias notas, qual verdadeiro diálogo entre leitor e autor. Faltam-me vários conceitos básicos, já que esta não é a minha praia, mas aprendi muito e refleti outro tanto.

Apesar de algumas coisas me terem passado um bocadinho ao lado, as ideias estão bem explicadas e entende-se muito bem. Recomendo a quem tiver interesse em passar por uma experiência semelhante e a quem quiser pensar sobre o mundo à nossa volta e aquele que aí vem. 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A Metamorfose, Franz Kafka

É difícil falar de um livro tão conhecido como "A Metamorfose", de Franz Kafka. A sua premissa do homem que acorda transformado num inseto já é do conhecimento de muitas pessoas. Também já era do meu quando o li pela primeira vez há vários anos. Ainda assim, e agora mais com a releitura, não deixou de me cativar e de me impressionar como uma obra com tão poucas páginas pode ser tão intensa.

É um livro que nos deixa desconfortáveis enquanto o lemos, inclusive pela forma como está escrito, colocando-nos nos olhos de Gregor Samsa - que, como podem imaginar, não está a passar por um bom momento. Vemos com ele a forma como a família lida com esta sua súbita e inexplicável mudança e sentimo-nos impotentes ao vê-lo conformar-se com o seu novo estado. Gregor acorda doente no corpo de um inseto, embrenhado num ambiente cinzento e oprimido pela insaciável sociedade movida pelo trabalho, que facilmente o espezinharia. 

Assistir à gradual perda de identidade de Gregor e à evolução da reação da família - que passa a ver aquele que antes seria o seu pilar, agora como um empecilho - é algo que vai mexer com as nossas entrenhas. Vamos sentir a tristeza e impotência do Gregor ao ver a situação da família agravar-se cada vez mais, assim como o seu sofrimento ao sentir que não os conseguirá ajudar, muito pelo contrário, sentindo-se cada vez mais um peso.

Tendo lido "Carta ao pai" deste autor, foi impossível não ver aqui resquícios dessa figura paterna tão opressora. A relação com a irmã é a ferida que mais dói nesta história. Este é um livro de digestão difícil, que pode ser lido de diferentes perspetivas e que traz com ele angústias que não perderam a validade e continuam bem atuais.