terça-feira, 31 de março de 2015

Resenha: No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares


"Escrever é usar as palavras que se guardam: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."

Como mencionei na publicação anterior, tencionava reler este livro do Miguel Sousa Tavares e foi isso mesmo que fiz. Decidi fazer uma mini pausa no Anna Karenina e ler outra coisa. De facto já tinha lido este livro, mas como foi há tantos anos, confesso que já de pouco me lembrava. Só sabia que tinha gostado.

Basicamente, No Teu Deserto começa imediatamente de uma maneira pouco comum. Logo no primeiro parágrafo é dito ao leitor que no final do livro a outra protagonista do romance irá morrer, "como se morre nos romances: sem aviso, sem razão, a benefício apenas da história que se quis contar".

Então, nesta história, o narrador vai contar-nos, como se se estivesse a dirigir à outra protagonista deste "quase romance", aquilo que viveu com uma mulher, a Claúdia, numa viagem pelo deserto do Saara. Esta não chega a ser uma relação romântica, por muito que o leitor acabe por torcer que sim. 

Comparando a minha primeira leitura, acho que gostei mais da primeira vez que o li. Tal não significa, de todo, que não tenha gostado dele agora! Gostei, mas algumas partes foram um pouco superficiais de mais. Contudo, este livro consiste no narrador a contar como foi a sua viagem pelo deserto e fá-lo dirigindo-se à pessoa que esteve com ele, o que talvez possa desculpar essa falta de aprofundamento. Outro aspecto que me incomodou um bocadinho foi o facto de haver partes do livro narradas pela Claúdia, o que não faz grande sentido, visto que esta história é contada a partir do futuro, ou seja, a Claúdia já estaria morta aquando da narração. 

Na minha opinião, a melhor parte do livro é mesmo a forma como o autor escreveu algumas partes, a forma como pensou e embelezou algumas coisas. De facto, a maneira como ele falou do deserto, fez-me olhá-lo de outra forma, não sendo apenas o sítio onde não se passa nada.

Por fim, acho que é um bom livro para descontrair, até porque se lê de forma bastante rápida. 

"Não, não era disto que eu estava à espera: não estava à espera de te ver assim, caído sem defesa nem disfarce, e de sentir esta vontade incrível de me encostar a ti, como se tu fosses uma parede e eu o seu contraforte. Mas agora não vou pensar nisso, vou só dormir assim, abraçada a ti - e amanhã, se vier a propósito, falamos disso."

"De facto, só abro a gaveta quando vou à procura de uma imagem específica que possa ter uma utilidade concreta e actual, evitando cuidadosamente qualquer tipo de vistoria que possa despertar essa serpente venenosa que hiberna no fundo da gaveta e a que chamamos nostalgia. Dizem que as fotografias não mentem, mas essa é a maior mentira que já ouvi."

"E era assim connosco naqueles dias, também. Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar."


terça-feira, 17 de março de 2015

TAG: Livros Opostos

Como a leitura do Anna Karenina ainda está em andamento e não tinha outra resenha para publicar esta semana, optei por responder a mais uma TAG. É um tipo de conteúdo que gosto de ver e assim não fico mais uma semana sem publicar algo aqui no blog.

1. O primeiro livro da sua colecção e o último livro comprado.


Não tenho a certeza qual dos dois foi o primeiro livro comprado, se é que não foram os dois oferecidos. Já não me lembro, porque são mesmo os livros mais antigos que ainda tenho na minha estante, visto que a minha mãe se desfez dos meus livros infantis, sem eu saber... O da Louise Plummer faz parte de uma série de livros gigante, da qual eu tenho este e mais três livros. Li-o e na altura gostei. Quanto ao da série Uma Aventura, acho que nunca o li...


Este foi o último livro que comprei e, em princípio, o próximo que tenciono ler. Não sei muito sobre ele, mas também não quero saber. Gosto de descobrir o livro sozinha. Só sei que envolve um circo que aparece e desaparece. Não sei mais nada, mas assim que o tenha lido, venho aqui dar a minha opinião sobre ele.

2. Um livro barato e um livro caro.


Já não sei ao certo quanto foi, mas tenho quase a certeza que paguei um ou dois euros por este livro numa promoção do Continente. Também ainda não o li e não tenho muita vontade de o ler agora, mas tive que aproveitar comprá-lo ao preço que estava, visto que é um livro que eventualmente vou querer ler.



Já há algum tempo que não compro livros muito caros. Tenho comprado mais em promoções, ou com algum desconto em cartão ou até mesmo livros usados. Mesmo assim, não me lembro de alguma vez ter comprado algum livro caro o suficiente para se destacar dos outros. Por isso, decidi responder a esta pergunta com o primeiro livro que comprei para o curso de Psicologia, logo no primeiro ano. Já não sei ao certo quanto custou, mas com desconto deve ter andado à volta dos vinte ou trinta euros.

3. Um livro com um protagonista homem e um com uma protagonista mulher.


Este ainda é o único livro de Bukowski que li até agora. O protagonista é um homem, Nick Belane. Li o livro nas férias de Verão do ano passado e já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog. Aliás, foi a primeira publicação. 


No clássico Jane Eyre, a protagonista é uma mulher chamada... Jane Eyre! Já li o livro há algum tempo e sinto que eventualmente devia relê-lo. Isto porque sei que o adorei, mas há coisas das quais já mal me lembro, o que é uma pena porque daquilo que me lembro, adorei mesmo, tanto a história, como as personagens, especialmente a Jane.

4. Um livro que leste bem depressa e um que demoraste para ler.


Este é um livro que já li há bastante tempo, mas sei que o li muito rapidamente, até porque é um livro curto. Já não me lembro de quase nada da história, excepto da última frase do livro, porque enquanto o lia fui lá espreitar e vi logo que alguém morria. Nunca mais vou espreitar a última página! Entretanto estou a pensar relê-lo e dizer aqui o que achei sobre ele.


Podia ter escolhido o livro Pela Estrada Fora, do Jack Kerouac, sobre o qual já falei aqui. Mas optei por mencionar este livro do Miguel Esteves Cardoso. Já não sei quanto tempo demorei a lê-lo, mas foi bastante. Contudo, não pelas mesmas razões pelas quais demorei tanto a ler o do Jack Kerouac. Neste caso, o facto de ter sido uma leitura lenta não significa que o livro me tenha aborrecido ou que não estivesse a gostar de alguma coisa, porque gostei bastante de o ler. O que se passou aqui foi que este é um livro de crónicas, o que faz com que não seja uma leitura contínua. Eu não tinha que estar sempre a ler para saber o que ia acontecendo, porque não havia uma história. Além disso, ia lendo outros livros ao mesmo tempo.

5. Um livro com uma capa bonita e um com uma capa feia.


Escolhi este livro porque acho esta capa linda. Há outras capas diferentes para este livro, mas para mim esta é a mais bonita. Também já fiz resenha para este livro aqui no blog e até o comparei ao filme.


Este é um dos meus livros preferidos da vida, mas a edição que eu tenho tem uma capa mesmo feia... Enfim, é um bom exemplo de que não se deve julgar o livro pela capa. Também já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.

6. Um livro nacional e um internacional.


Podia ter escolhido outro dele, mas nesta categoria tinha que mencionar Saramago. Conheci a obra dele com o Memorial do Convento e gostei tanto que já tive que ler mais alguma coisa. Este é um livro em que a protagonista é a morte, que certo dia decide deixar de matar pessoas, as quais se vão acumulando e que, mesmo em estado terminal, não morrem. E pronto, gostei muito e não vou contar mais nada! 


Este foi outro livro que comprei em promoção no Continente, também muito barato. Ainda não o li e acho que nunca ouvi falar sobre ele, mas como é da mesma autora que o Jane Eyre, decidi comprá-lo, para quando estiver com vontade de o ler.

7. Um livro fino e um livro grosso.


Esta minha edição do Grande Gatsby é bastante curta, o que a certa altura me deixou triste, porque estava mesmo a adorar o livro, mas ao mesmo tempo não queria continuar a lê-lo, porque não queria de todo que acabasse. Já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.


O livro mais grosso que tenho é, sem dúvida, o Anna Karénina, de Tolstoi, que estou a ler agora. Até agora esta a ser muito bom. É um livro com muita história e nada parado. Há sempre alguma coisa a acontecer, até porque segue várias personagens. Assim que o acabar de ler, venho aqui dar a minha opinião.

8. Um livro de ficção e um de não-ficção.


Para livro de ficção escolhi o primeiro livro do Senhor dos Anéis, A Irmandade do Anel. Foi o único que li, mas ando mesmo com muita vontade de ler fantasia. Se já tivesse o segundo livro, provavelmente até já o tinha começado...


Não tenho muitos livros de não-ficção, então a minha resposta é um bocado clichê. Toda a gente sabe o que é o Diário de Anne Frank, por isso não vale a pena comentar nada.

9. Um livro meloso e um de acção.



Este é, provavelmente, o livro mais meloso que eu tenho. Não combina nada comigo, mas adorei lê-lo. Achei-o super adorável. Também já dei a minha opinião sobre ele aqui no blog.


A trilogia dos Jogos da Fome é uma distupia cheia de acção, por isso tinha mesmo que ser esta a minha escolha. Apesar de não ter adorado algumas coisas (que me chatearam bastante até), foi uma boa leitura. Ainda não vi os filmes todos, mas eventualmente vou ver!

10. Um livro que te deixou triste e um que te deixou feliz.


Já li este livro há alguns anos, mas lembro-me perfeitamente que o seu final me deixou bem triste. Não vou estragar a história a quem o queira ler (vale bem a pena, já agora!), mas digamos que no fim morre alguém que eu não queria que morresse. E eu não estava à espera.


Não queria repetir nenhum livro, mas também não queria estar sempre a mencionar o Harry Potter, então decidi escolher como um livro feliz o Anna and the French Kiss. É mesmo um livro bom para se ler quando se está a precisar de descontrair um bocado, porque é uma leitura "fácil" e adorável.

terça-feira, 3 de março de 2015

Quem Escreve #1: Neil Gaiman


A "feral child who was raised in libraries."

Autor: Neil Gaiman
Data de Nascimento: 10 de Novembro de 1960 (54 anos) 
Nacionalidade: Britânica

Depois de ter sido rejeitado por várias editoras, Neil Gaiman dedicou-se ao jornalismo e foi através dessa área que pode entrevistar e conhecer imensas pessoas.
O seu trabalho é finalmente reconhecido quando escreve, em colaboração com o seu amigo Dave McKean, a banda desenhada Violent Cases, publicada em 1987.
A partir daí decide abandonar o jornalismo e, em 1988, vê publicada a sua série de banda desenhada mais aclamada de sempre, Sandman. O  tão desejado reconhecimento do seu trabalho foi finalmente alcançado e as suas obras continuaram a ser publicadas e muito bem aceites, tendo sido este autor já diversas vezes premiado.

Influências:

Neil Gaiman é um autor que se poderá colocar dentro dos géneros literários de fantasia, horror e ficção científica.
Quando questionado acerca dos autores que, de certa forma, influenciaram o seu trabalho, Gaiman menciona: C. S. LewisJ. R. R. TolkienLewis CarrollEdgar Allan PoeMichael MoorcockAlan MooreMary ShelleyRudyard KiplingUrsula K. Le GuinHarlan Ellison e G. K. Chesterton.


Alguns dos livros publicados:

1990 - Bons Augúrios (Good Omens) - Goodreads
1996 - Na Terra do Nada (Neverwhere) - Goodreads; Série
1999 - Stardust - O Mistério da Estrela Cadente (Stardust) - Goodreads; Filme
2001 - Deuses Americanos (American Gods) - Goodreads
2002 - Coraline e a Porta Secreta (Coraline) - Goodreads; Filme
2002 - Os Filhos de Anansi (Anansi Boys) - Goodreads
2006 - Coisas Frágeis (Fragile Things) - Goodreads
2008 - A Estranha Vida de Nobody Owens (The Graveyard Book) - Goodreads
2013 - O Oceano no Fim do Caminho (The Ocean at the End of the Lane) - Goodreads


Curiosidades:

1. O seu primeiro livro publicado foi uma biografia da banda Duran Duran.
2. A sua paixão pelos livros começou bem cedo. Quando era criança devorava os livros de C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, entre outros autores mencionados anteriormente. Ele próprio diz que os momentos em que era mais feliz, eram aqueles em que conseguia convencer os seus pais a deixá-lo na biblioteca local quando iam para o trabalho.


Este é um autor, cuja obra quero mesmo muito ler, porque me deixa bastante curiosa. É um autor que, segundo dizem, escreve bastante bem tanto histórias para crianças, como histórias para adultos, assim como romances e bandas desenhada. Tenho um bom pressentimento em relação a ele e aos seus livros, talvez porque, sabe-se lá porque razão, ele me faz lembrar o meu adorado Tim Burton.




“People think dreams aren't real just because they aren't made of matter, of particles. Dreams are real. But they are made of viewpoints, of images, of memories and puns and lost hopes.”