sábado, 9 de fevereiro de 2019

Northern Lights, Philip Pullman


Hoje venho contar como foi a minha experiência com Northern Lights (A Bússola Dourada), o primeiro livro da trilogia His Dark Materials, de Philip Pullman. Publicado em 1995, este livro "infantil" terá gerado alguma controvérsia, dada a presença da religião nesta história e as subsequentes acusações de promoção do ateísmo. Tendo lido apenas o primeiro livro, não concordo nada com isto e já vos explico o porquê.

Comecemos por um breve resumo, para saberem com o que contar, caso queiram conhecer esta história. Tal como disse, este é um livro "infantil". Uso as aspas por achar que de facto este livro pode ser lido e apreciado por crianças/pré-adolescentes, mas é tão complexo, que tenho a certeza que muito do seu conteúdo vai passar completamente despercebido. Eu própria senti necessidade de ir pesquisar sobre alguns aspetos deste mundo, que não tinham ficado (e ainda não estão) muito claros para mim. 

S I N O P S E

Esta narrativa passa-se num mundo bastante semelhante ao nosso, apenas com algumas diferenças, nomeadamente o facto de cada ser humano se fazer acompanhar para toda a vida de um daemon. Este é uma representação física da alma humana e apresenta-se na forma de um animal, sendo que até à puberdade, este pode adotar diversas formas, acabando por depois se fixar apenas numa. Estes daemons não se podem afastar muito dos seus humanos e são um dos aspetos mais giros desta história. Também gostava de ter um e seria na forma de um gatinho, de certeza!

A protagonista da história é a Lyra, uma menina de 10/11 anos, que terá ficado orfã, acabando por crescer num colégio em Oxford. É aqui que a encontramos no início da história, enquanto vagueia pelos corredores deste Jordan College e explora salas interditas, sempre na companhia do seu daemon, o Pantalaimon. É numa destas salas que acaba por se esconder e ouvir uma conversa intrigante entre Lord Asriel, o seu tio e investigador, e outros académicos. É aqui que, pela primeira vez, ouve falar de uma poeira misteriosa, que está a ser alvo de estudos no Norte, nomeadamente dada a sua relação com as northern lights (aurora boreal).

Ao mesmo tempo que isto acontece, temos também uma epidemia de desaparecimentos de crianças, que são levadas pelos gobblers e ignoradas pela polícia. Uma dessas crianças que desaparece é o Roger, melhor amigo da Lyra, o que faz com que a nossa protagonista decida ir em busca de respostas, de maneira a tentar perceber o que é que acontece com estas crianças, quem as leva, para onde e porquê. É neste sentido que se junta a uma comunidade cigana, da qual têm desaparecido o maior número de crianças, e parte com eles para Norte, onde se suspeita que estejam a ser realizadas experiências científicas com estas crianças.

O P I N I Ã O

Um dos aspetos mais interessantes e, certamente, o mais misterioso desta história é a tal poeira. Ficou muito pouco claro para mim, assim como para a Lyra, o que era isto e porquê tanto estudo à volta destas partículas invisíveis. Nos últimos capítulos é-nos dada mais informação sobre isto, embora seja feito de uma forma demasiado apressada e, na minha opinião, no momento errado.

Ao pesquisar sobre isto, percebi que não estava sozinha e que de facto é um dos aspetos que levanta mais reflexões e interpretações, especialmente dado que esta poeira é tão temida pela Igreja, que neste livro constitui uma instituição com bastante poder político. Pelo que vamos percebendo, temos cientistas a trabalhar no sentido de eliminar a influência desta poeira nos seres humanos, embora não cheguemos bem a perceber por que razão o fazem e de maneira tão cruel. Isto acaba por levantar a questão de se esta poeira é realmente má ou se apenas não dá jeito a algumas pessoas (*cofcof* à Igreja). Pelo que percebi, esta é uma das questões levantadas na polémica ao redor destes livros, já que a Igreja é vista como os bad guys, que permitem que pessoas cometam atrocidades com base nos seus dogmas. Embora ainda só tenha lido o primeiro livro, entendi apenas que o autor tenta levantar o véu do pensamento crítico, levando a própria protagonista a questionar-se quanto àquilo que as pessoas à sua volta lhe têm transmitido.

Quanto terminei o livro, senti que tinha gostado, mas que não tinha chegado às expectativas que tinha para ele. Esperava conseguir entrar num novo mundo de fantasia e sentir-me imediatamente confortável, mas não foi bem isso que aconteceu. Tive algumas dificuldades em envolver-me na história, dada a sua complexidade e a falta de informação que temos inicialmente. Outro aspeto tem a ver com a forma como sinto que as personagens foram pouco desenvolvidas, assim como as relações entre elas, o que me fez ter algumas dificuldades em empatizar com elas. Conhecemos muito pouco a personalidade de cada interveniente nesta história, onde penso ter sido dado maior ênfase para o que ia acontecendo (que é muita coisa!). Ainda assim, olhando agora para o livro como um todo, posso dizer que gostei e que me deixou curiosa para saber o que virá a seguir e para onde irei com a Lyra depois daquele final!

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