domingo, 9 de dezembro de 2018

Quem Escreve #4: Charles Dickens


“I have been bent and broken, but - I hope - into a better shape.”


Autor: Charles John Huffam Dickens
Data de nascimento: 07 de Fevereiro de 1812
Data de morte: 09 de Junho de 1870
Nacionalidade: Inglesa

Charles Dickens nasce no ano de 1812, em Landport, no sul da Inglaterra, sendo o segundo filho de uma fratria de oito, dos quais apenas seis chegaram à idade adulta. Aos dois anos, muda-se com a família para Chatham e aos 10 para Camden Town, na altura uma zona muito pobre de Londres.
O pai, John Dickens, trabalhava enquanto escrivão no ramo naval e ambicionava ser rico, acabando por gastar demasiado dinheiro, além das suas possibilidades. Isto levou ao seu endividamento e prisão em 1824, levando a que Charles tivesse que abandonar a escola e começar a trabalhar numa fábrica de tintas, aspeto retratado na sua obra mais autobiográfica, David Copperfield. Já a mãe, Elizabeth Barrow, sonhava ser professora e diretora de uma escola, embora tal nunca se tenha realizado. Posteriormente, Charles Dickens insere nos seus livros estes temas e afirma ter-se sentido abandonado, desprotegido e traído pela família, quando em criança é obrigado a inverter os papéis, tendo que trabalhar para sustentar a família e cuidar dos adultos, perdendo aí a inocência da sua infância.
Aos 15 anos (1827), depois do pai já ter sido libertado e depois de regressar à escola, volta a abandonar os estudos e começa a trabalhar num escritório, para ajudar a situação financeira da família. Este foi um trabalho importante, que contribuiu para o início da sua carreira enquanto escritor. Isto, porque poucos anos depois de iniciar este emprego, começa a escrever em jornais e a enviar textos sob o pseudónimo de Boz, culminando na publicação de um livro (Sketches by Boz) com todos estes textos em 1836, o qual teve bastante sucesso.
Também em 1836, Charles Dickens casa com Catherine Hogarth, com quem teve 10 filhos, dos quais seis morrem prematuramente. Um ano depois, publica um dos seus livros mais aclamados, Cadernos de Pickwick, livro em relação ao qual o nosso Fernando Pessoa dizia ter pena de já o ter lido por não poder voltar a lê-lo pela primeira vez. Depois deste livro, continua a publicar outras histórias sob o formato de folhetim, o que as tornava acessíveis a classes sociais mais baixas. Poucos anos mais tarde, publica o conto A Christmas Carol, que faz enorme sucesso e que é ainda hoje considerado um enorme clássico de Natal e que terá reavivado o espírito natalício na altura.

De todos os autores hoje em dia considerados clássicos, Charles Dickens foi dos poucos que obteve reconhecimento pela sua obra ainda em vida. Tornou-se numa celebridade não só em Inglaterra, mas também nos Estados Unidos, onde fez uma primeira tour no ano de 1842, com bilhetes completamente esgotados e onde se manifestou contra a escravidão e a cultura materialista americana. Isto foi publicado num livro, que não terá agradado muito ao público norte-americano, culminando numa segunda tour (1867), em que Charles Dickens promete editar o livro, de maneira a elogiar os Estados Unidos.
Até à sua morte, em 1870, Charles Dickens continuou a publicar livros quase anualmente, recorrendo ao humor e à ironia na construção das suas personagens e histórias. Nestas trabalha essencialmente o tema da crítica às condições económicas e sociais da época vitoriana, onde reinava a pobreza, endividamento, exploração infantil e o abuso por parte das classes mais elevadas. Criou a sua companhia de teatro com a qual percorreu o país, sendo frequentemente solicitado como orador.
Nos últimos anos de vida, sofreu alguns desgostos, como a morte do pai, o declínio do seu casamento com Catherine, com o divórcio em 1858, e a morte de alguns filhos e da própria mãe. Tudo isto tingiu os seus últimos livros de um tom mais negro e pessimista.
Em 1858 assume o relacionamento com a atriz, Ellen Ternan, com quem vive até aos seus últimos dias na mansão que comprara 2 anos antes e com que sempre sonhara. É nesta casa que morre durante o verão de 1870, com 58 anos de idade, depois de um acidente vascular cerebral.


Influências: Tobias Smollet, Henry Fielding, Daniel Defoe, Wilkie Collins.


Alguns dos livros publicados:

  • Cadernos de Pickwick (The Pickwick Papers) - 1836
  • Oliver Twist - 1837
  • Nicholas Nickleby - 1839
  • A Loja de Antiguidades (The Old Curiosity Shop) - 1841
  • Barnaby Rudge - 1841
  • Um Conto de Natal (A Christmas Carol) - 1843
  • David Copperfield - 1850
  • A Casa Sombria (Bleak House) - 1853
  • Tempos Difíceis (Hard Times) - 1854
  • História de Duas Cidades (A Tale of Two Cities) - 1859
  • Grandes Esperanças (Great Expectations) - 1861
  • O Amigo Comum (Our Mutual Friend) - 1865


“It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of light, it was the season of darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair.” 

(Em Tempos Difíceis, ou enquanto o Charles Dickens tentava acabar a minha tese de metrado)

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