terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Resenha: The Bell Jar, Sylvia Plath


"I was supposed to be having the time of my life."

The Bell Jar (A Campânula de Vidro) é o único romance de Sylvia Plath, que na altura, em 1963, publicou o livro sob um pseudónimo, semanas antes de se suicidar.

Neste romance parcialmente autobiográfico, a autora conta a história de Esther Greenwood, uma estudante exemplar que além das excelentes notas a tudo, ganhava imensos prémios. Em 1953, Esther vai estagiar para uma revista de moda em Nova Iorque, o que ela encara como uma maneira de poder seguir o seu sonho de vir a ser escritora. No entanto, vê-se envolvida num mundo cheio de eventos, festas, brindes, roupas caras, homens desinteressantes e pessoas que ela considera aborrecidas.

"I felt very still and very empty, the way the eye of a tornado must feel, moving dully along in the middle of the surrounding hullabaloo."

"The trouble was, I hated the idea of serving men in any way."

Esther ocupava um lugar que muitas outras jovens da sua idade invejavam, mas sentia-se infeliz. Não era aquilo que ela tinha idealizado. Para piorar a situação, o curso de escrita para o qual se tinha inscrito e no qual ela tinha a certeza que ia ser aceite, rejeitou-a. A sua tristeza foi-se aprofundando e prolongando, sem ela se aperceber que já não era algo normal. Dava por ela a pensar nas melhores formas de se suicidar, chegando a tentar fazê-lo várias vezes. Esther sentia que já não conseguia escrever. Além disso, não dormia, chegando a estar um mês sem o fazer, sem lavar as suas roupas e sem se arranjar.

A certa altura é internada e passa pela ala psiquiátrica de vários hospitais. No entanto, apesar de todos os tratamentos feitos, ela continuava a sentir-se fechada e sufocada debaixo da sua campânula de vidro.

"The silence depressed me. Is wasn't the silence of silence. It was my own silence."

"'Do you know what a poem is, Esther?'
'No, what?' I would say.
'A piece of dust.'
Then just as he was smiling and starting to look proud, I would say, ' So are the cadavers you cut up. So are the people you think you are curing. They're dust as dust as dust. I reckon a good poem lasts a whole lot longer than a hundred of those people put together.'"

Este foi o meu primeiro encontro com a autora. Era um livro que já queria ler há tanto tempo, mas foi ficando sempre para trás. Agora que o li percebo o que andei a perder este tempo todo. 
Primeiro ponto: a história. O tema que mais interessa na Psicologia é a parte das psicopatologias e, portanto, adoro ler livros que envolvam personagens com algum problema de saúde mental. Mas um aspecto que torna este livro interessante, é nós não sabermos à partida o que vai acontecer. Até a própria personagem se vai apercebendo aos poucos do estado depressivo em que se está a afundar.

Segundo ponto: a escrita. Li o livro em inglês, o que me permitiu estar o mais perto possível do que a autora escreveu. A escrita de Sylvia Plath é absolutamente maravilhosa. É quase como estar a ler poesia. Fiquei com uma vontade gigante de ler tudo o que ela escreveu e ainda mais quando soube que ela considerava este livro como um "teste" e que nem gostava muito do que tinha escrito. Se ela não achava isto muito bom, então quero mesmo ver o resto da sua obra! Vou procurar ler tudo o que ela escrever, todos os contos, todos os poemas e diários, porque há fortes probabilidades de ter encontrado aqui a minha escritora preferida.

"I thought the most beautiful thing in the world must be shadow, the million moving shapes and cul-de-sacs of shadow. There was shadow in bureau drawers and closets and suitcases, and shadow under houses and trees and stones, and shadow at the back of people's eyes and smiles, and shadow, miles and miles and miles of it, on the night side of the earth."

"I took a deep breath and listened to the old brag of my heart.
I am, I am, Iam."


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