Um aspeto que adorei neste livro é a forma como a narrativa nos é apresentada. Temos várias personagens e conhecemos o ponto de vista de cada uma delas. A história é contada, maioritariamente, a partir do futuro, sendo que o narrador principal sabe sempre mais do que nós, incluindo o desfecho da história. Isto foi feito de forma a que ele nos vá deixando essa sensação, de que algo aconteceu e que agora nos serão apresentados todos os factos, o que nos vai alimentando a curiosidade, fazendo com que um livro de mais de 600 páginas não tenha esse peso.
A história começa com Walter Hartright, um professor de pintura, que agarra uma oportunidade de trabalho numa mansão onde vivem duas jovens com o tio de uma delas (acamado e de saúde muito debilitada). À noite, enquanto se dirigia para essa mansão, cruza-se com uma mulher vestida de branco, com quem tem uma curta e estranha conversa, em que esta lhe dá a entender conhecer bem o local para onde ele vai trabalhar. Posteriormente, percebe que esta mulher havia fugido de um asilo e estava a ser procurada.
Não adiantarei mais sobre a narrativa, visto que é muito mais interessante ir desfiando este novelo em conjunto com as personagens. Muito vai acontecer ao longo da história, mantendo-nos sempre muito atentos e com vontade de querer saber mais. Afinal, quem é aquela mulher? De que forma é que conhece aquela família? O que é que ela quer?
Gostei mesmo muito deste livro, embora as últimas 200 páginas me tenham custado mais a ler, porque senti que o autor aí já se tornou repetitivo. Contudo, valeu imenso a pena e tornou-se num dos livros vitorianos que provavelmente mais recomendo. Mesmo sendo um livro escrito por um homem na época vitoriana, e mesmo tendo alguns aspetos discutíveis no que diz respeito à representação da mulher (o que é natural para aquela altura), tem uma das minhas personagens femininas preferidas, a grande Marian Halcombe.