Neste livro acompanhamos a viagem de uma família, que parte do estado do Oklahoma em direção à Califórnia. Isto dá-se nos anos 30, após o crash da Bolsa (1929), e numa altura em que todas as condições, seja climatéricas, financeiras ou sociais, levam a que esta família se veja obrigada a deixar a sua casa. Os terrenos deixaram de produzir, as máquinas começam a substituir o Homem e os bancos a destruir as casas dos que para eles se tornam em indesejados. Foi o caso desta família e de milhares de outras, que perante a fome e a pobreza se vêem obrigadas a deixar as suas casas onde permaneceram durante gerações, em busca de outras oportunidades e de algum sítio onde as deixassem viver e trabalhar.
Esse sítio era a Califórnia e é para aí que vão os Joad, a família que conhecemos aqui. Vendem tudo o que têm, de maneira a conseguirem as condições para a longa viagem. Vão atrás de um folheto onde anunciam precisarem de trabalhadores. Mas vão eles e muitos, muitos outros, com os quais nos vamos cruzar.
Confesso que levei algum tempo a envolver-me com esta leitura, mas a partir de certa altura passamos a importar-nos com as personagens e a querer vê-las bem. Vemos a luta diária por que passam, em busca de algo tão simples como um sítio para viver e trabalhar, onde sejam tratados de forma digna. E isto é precisamente o contrário daquilo que eles (e nós, através dos seus olhos) vão encontrando pelo caminho, onde são constantemente explorados por parasitas.
Este é realmente um livro com uma tremenda importância social e mantém-se atual nos dias de hoje. Felizmente algumas coisas mudaram, mas atualmente continuamos a viver num mundo em que temos baixas remunerações e em que o trabalhador ou aceita ou virá outro atrás de si a correr ocupar esse lugar. Estes livros ajudam-nos a perceber o caminho que tem sido percorrido, mas como ainda não podemos parar.
Foi duro viver estas páginas com estas pessoas. Steinbeck não nos poupa à dureza desta realidade que ele tão bem conheceu e brinda-nos com um final dos mais marcantes de sempre, e que vem confirmar a resiliência e o importante papel feminino nesta história, onde a personagem mais forte é uma mulher.